quinta-feira, 13 de março de 2008
Consulta
Ontem foi dia de ir à médica pediatra. Quando o papá me foi buscar à escola e me advertiu que íamos a caminho da consulta, uma das primeiras coisas que lhe disse, com um tom capaz de causar piedade a uma pedra, foi: «Não quero a espátula!» Traumas antigos mas que eu não esqueço e que os médicos teimam em reforçar quase sempre que eu os consulto. O papá veio com o paleio melífluo do costume: a médica é minha amiga, só quer o meu bem, não me faz mal nenhum, blá blá blá... Tá bem, abelha!, pensei eu. E repeti mais duas ou três vezes, para não ficarem dúvidas: «Não quero a espátula!» Chegados ao consultório, esperámos pela nossa vez durante uns 45 minutos, porque havia outros meninos e meninas para serem atendidos antes. Portei-me muito bem enquanto esperávamos, dividida entre o colo do papá (que me ia confortando), uma cadeira ao lado da dele e o chão. Antes de sermos chamados ainda tive vontade de fazer chichi e quis que fosse a mamã a ir comigo à casa-de-banho. Depois fomos chamados e lá entrámos (eu pelo meu pé, de mão dada ao papá) na sala onde estava a médica. «Uaaaaau, que gira que estás!», afirmou ela para me cativar. Tá bem, abelha!, pensei eu outra vez. A primeira parte da consulta correu lindamente - depois de o papá me despir, a médica auscultou-me, mediu-me o perímetro cefálico, pesou-me (12,150 quilos, com cuecas)... O pior estava reservado para depois, quando ela pediu ao papá para me deitar na marquesa. Eu detesto essa parte em que ela me sujeita a uma série de maldades: apalpa-me a barriga, mede-me (91 cm), perscruta-me os ouvidos e, claro, enfia-me a espátula pela goela abaixo. Havias de ver, mamã, como eu berrei e esperneei. Mas no fim de tudo até estava bem disposta e até acenei à médica. «Adeus Carolina», disse ela, palavras que me soaram mágicas. Desta já eu me livrei.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário