sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O que vamos comer agora?

Despachada a sopa, a carne ou o peixe, o sumo e outros estorvos colocados pela gente adulta no caminho da gulodice, surge, fatalmente, a pergunta sacramental: «o que vamos comer agora?» Depois vou empurrando quem detém a chave do tesouro para a cozinha e, na cozinha, para o frigorífico, sem nunca mencionar o objectivo da missão. Claro que a gente adulta já percebeu que o que eu quero é uma barra de chocolate que está depositada, à minha espera, num dos esconsos daquele monstro branco, mas faz-se desentendida e insiste em plantar mais obstáculos no meu caminho. «Não, não é fruta que eu quero, nem mais carne, nem mais peixe, nem nozes…» Até que a resistência da gente grande é quebrada, desistem de me tentar desviar de objectivo tão óbvio, e finalmente um sorriso de excitação e vitória abre-se no meu rosto. E depois é só desembrulhar o papel, a última barreira, e deliciar-me com tão apetitoso maná, até voltar, no dia seguinte, a repetir tudo outra vez.

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